Na década de 1950, um acessório revolucionou a história dos aparelhos de televisão. Apelidado de Lazy Bones (ossos preguiçosos), o primeiro controle remoto era ligado ao aparelho por um fio. É claro que a revolução não parou por aí, e na mesma década surgiram os controles sem fio.
Considerado com frequência como um símbolo de preguiça, o controle remoto pode dar mais um enorme passo e chegar, literalmente, em nossas mãos e em poucos anos. Se depender da Hitachi, os nossos gestos vão controlar os televisores. É esta tecnologia que você conhece agora, neste artigo.
Para mudar de canal, mexa a mão
A Hitachi apresentou, no final de 2008 e começo de 2009, um televisor que simplesmente dispensa o controle remoto. Se você pensou em uma tela com sensor de toque, enganou-se. A tecnologia utiliza os gestos do telespectador para acessar as funções do aparelho. Em um exemplo simples: basta acenar para a tela para exibir a interface de controle.
A tecnologia foi desenvolvida em parceria com duas empresas. A Canesta criou os sensores 3D e a Gesture Tek criou o software. Os sensores detectam movimentos distantes até três metros, da mesma maneira que o acelerômetro do iPhone quando movimentado para o lado, por exemplo.
O segredo para que a interpretação dos movimentos seja precisa é a capacidade que estes sensores têm de coletar uma imagem tridimensional de tudo que eles veem. Tamanha precisão é capaz até mesmo de reconhecer movimentos com uma ou duas mãos, além de identificar pessoas diferentes no mesmo ambiente para exibir controles associados a cada pessoa.
Com o movimento detectado, o software entra em ação para codificá-lo para o televisor. Nesta parte, vale a simplicidade: os gestos só precisam ser consistentes. Nada de macaquices na frente da TV somente para trocar de canal.
Há um padrão de gestos já definido, mas o televisor aceita exceções. O software da Gesture Tek é capaz de codificar movimentos de acordo com a cultura do telespectador. É só pensar que um aceno é interpretado de maneira de diferentes maneiras pelo mundo. Há também alternativas para que pessoas fisicamente limitadas controlem o televisor também.
A princípio, a tecnologia usaria webcams para identificar os movimentos dos telespectadores, mas a reação do público, através de testes similares, foi negativa. A ideia de ter uma câmera na sala de TV não agradou aos participantes do teste, o que levou a Hitachi a readaptar o projeto. Hoje, ele é capaz de diferenciar uma pessoa dentro de um grupo pequeno, mas não consegue apontar uma em meio a muitas pessoas.
Uma novidade em constante aprimoramento
O conceito que a Hitachi apresentou e pretende aplicar até 2010 ou 2011 não é exatamente novo. Em 2007, um cientista australiano demonstrou um protótipo com esta finalidade. O que motivou o invento foram as incontáveis caças ao controle remoto pelas profundezas do sofá – uma cena muito corriqueira de fato.
Se você, caro leitor, se lembrou do Wii, videogame da Nintendo com enorme sucesso de vendas, não foi à toa. Este é um ótimo exemplo do uso da tecnologia de gestos. A diferença é que a proposta da Hitachi é largar mão do controle literalmente ao invés de utilizá-lo como parte do processo.
Ainda não há previsão de lançamento para um televisor controlado totalmente por gestos, mas os desenvolvedores são otimistas. “Acreditamos ser apenas uma questão de tempo até que interfaces gestuais sejam encontradas virtualmente em qualquer sala de estar”, afirma o chefe de tecnologia da Hitachi, Hiroyuki Mizukami.
Portanto, ainda não é hora de jogar seu controle remoto pela janela, por mais que você tenha vontade. Mesmo que os aparelhos entrem no mercado o quanto antes, o preço deles pode ser um empecilho para a popularização, assim como a aceitação do público.
A verdade é que os gestos são capazes de cobrir as principais funções de um controle remoto, mas não todas. Pode ser uma ótima ideia para telespectadores comuns, mas há também os telespectadores que utilizam funções bastante específicas, as quais ainda não são interpretadas.
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