Dois séculos após o surgimento das locomotivas a vapor, a utilização de gases para movimentar veículos volta a ser explorada, desta vez de uma maneira muito mais eficiente. Nada de caldeiras enormes com um compartimento de combustão rudimentar para aquecer a água, estes carros são movidos a vapor de gasolina e atingem resultados impressionantes com motores similares ao do seu automóvel. Performance de um verdadeiro exótico com autonomia de quase 40 km/l e taxa de emissão de poluentes baixíssima já não se trata mais de um sonho, carros assim já podem ser vistos em ruas canadenses.
Quando um condutor opta por adquirir um veículo econômico, a performance limitada do veículo dificilmente será motivo de orgulho. Já quando a opção é um veículo de alta performance, o carro se torna um símbolo de status e prazer para o condutor, mas com grande peso em seu bolso. A ideia de unir um novo padrão de economia a um veículo potente e estável impulsionou a FVT (Fuel Vapor Technologies) à criação do primeiro carro movido a combustível vaporizado, o Ale.
Não se tratam de planos ambiciosos de uma grande corporação, o modelo foi desenvolvido por um grupo de 6 projetistas em garagem. Além do motor de combustível vaporizado, o design do veículo cortou fora do modelo tudo que não fosse extremamente necessário para seu desempenho. O resultado foi um chassi reduzido de três rodas com uma estabilidade impressionante.
É inegável a similaridade de suas curvas com as de um avião, assim como seu desempenho. Para impulsionar sua compacta estrutura de fibra de carbono, um motor de 180 cv é mais do que suficiente. Com uma aceleração de 0 a 100 km/h em 5 segundos, velocidade final de 225 km/h e extraordinária atuação nas curvas, o Ale deixa muito esportivo com cara de popular.
Ao contrário do que muitos pensam, usar menos rodas não implica em uma menor estabilidade, seu visual diferente faz toda faz toda a diferença no asfalto. Pode não se tratar do veículo mais espaçoso ou charmoso do mundo, mas sua proposta tem despertado cada vez mais a atenção de empreendedores, além do que projetos que visam atender diferentes necessidades estão nos planos de seus empreendedores.
A taxa de compressão de um motor é a razão de volume do cilindro em sua forma expandida pela comprimida e, quanto maior for esta taxa empregada em um motor, maior sua eficiência na queima do combustível. Vale lembrar que um motor convencional limita essa razão a 15 : 1, resultando em um aproveitamento de apenas 26% da gasolina.
Como um mesmo material se torna mais volátil e reagente em sua forma líquida, a mistura de gases no motor do Ale permite uma taxa de compressão de 20 : 1. Desta maneira, a proporção de combustível queimado aumenta, resultando em um acréscimo significativo de potência e economia do motor e reduzindo a emissão de poluentes.
Além da tradicional mistura com o oxigênio, a gasolina passa por um equipamento que a aquece e vaporiza antes da injeção nos cilindros. O sistema também se compromete a evitar desperdícios limitando o combustível em cada queima. Os desenvolvedores do Ale prometem que esta tecnologia ainda será aperfeiçoada, aumentando ainda mais a economia e o rendimento do carro.
A X-Prize é uma competição internacional que reúne mais de 120 equipes de 20 países diferentes, além de testar os limites de velocidade da máquina, a X-Prize revela a economia do veículo na competição. Os engenheiros da FTV estão desenvolvendo um novo carro que combina o motor a vapor com motores elétricos para participar do evento, o eVaro.
Enquanto os veículos híbridos tradicionais usam o motor elétrico como meio de auxiliar o motor principal, o motor a combustível do eVaro se encarrega apenas de carregar as baterias de alta eficiência do carro. O resultado? 115 km com apenas um litro de gasolina! O carro também pode ser ligado a uma tomada convencional e, após 3 horas, estará pronto para percorrer quase 200 km sem uma gota de combustível.
Embora a FVT possua capacidade para a fabricação de 3000 carros ao ano, nenhum modelo está sendo comercializado. Os esforços dos 6 projetistas estão voltados para o desenvolvimento do eVaro para o X-Prize e usar seu resultado como marketing para a companhia.
Seus carros devem ser abertos para o mercado em seguida, mas nenhum preço foi divulgado. O crescimento da companhia também está nos planos dos rapazes, assim como o aumento da linha de produção. O Próximo projeto nos planos dos rapazes é desenvolver um carro familiar, para 4 ou 5 ocupantes.
Apesar de já existirem modelos rodando, é provável que os carros da FVT demorem a chegar ao nosso país. Por outro lado, pesquisadores de universidades como a USP e UNIMEP estão desenvolvendo o estequiômetro, um equipamento para vaporizar o etanol antes da sua combustão. Enquanto a gasolina tem sua eficiência comprometida devido à sua grande mistura de componentes com diferentes temperaturas de combustão, o álcool é melhor aproveitado em sua forma de vapor.
Os resultados são basicamente os mesmos, mas em menor proporção pelo fato de serem aplicados a qualquer veículo convencional. Com uma taxa de emissão de poluentes muito menor e um considerável aumento de potência, um veículo comum equipado com o estequiômetro chega a fazer 16 km/l de álcool. Os sistemas aproveitam o calor gerado pelo escapamento do veículo e pelo sistema de arrefecimento para ferver o combustível.
O equipamento brasileiro já encontra-se internacionalmente patenteado, mas não possui previsão para a sua implementação comercial. Motores a diesel também estão sendo testados com o novo sistema com resultados satisfatórios. Além dos ganhos para o bolso do brasileiro, o equipamento pode auxiliar a autossuficiência do país perante futuras crises de combustível.
Embora o conceito de tecnologia esteja muito mais atrelado a equipamentos eletrônicos, um sistema mais eficiente e ambientalmente correto para os motores a combustão merece o reconhecimento do site. Afinal, quem é que não gostaria de ganhar mais potência e economia em seu carro enquanto colabora com o meio ambiente?
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